Auditores são responsáveis pela precisão, adequação e revisão do trabalho de outras pessoas. Auditorias financeiras são executadas a pedido dos donos ou acionistas das companhias e apresentadas publicamente para promover segurança ao mercado e ao público, sejam investidores ou não.
É o ceticismo do auditor independente que permite aos stakeholders e ao público terem confiança de que estão sendo informados da verdade nua e crua quanto à contabilidade da organização em questão. E um auditor coloca toda sua reputação nisto.
Mas, se a confiança nas auditorias é tão crucial, como isso afeta os auditores independentes? E como eles podem demonstrar toda essa confiança para as pessoas que precisam crer no seu trabalho?
Pesquisas do Audit Futures mostram que a função de auditoria já não transmite mais tanta confiança quanto antigamente. E temos vários escândalos recentes que reiteram esta visão (como o caso mais recente das Lojas Americanas). Um aspecto do problema é a quietude, o modo como um trabalho de auditoria é feito, sem alarde. É uma profissão que, literalmente, acontece por trás das cenas.
O rosto e os processos de um auditor dificilmente são vistos nos corredores das instituições que passam por seu escrutínio, e ainda mais raramente no mundo lá fora. Ainda que se comente sobre as auditorias quando acontecem ou quando seus resultados são divulgados.
Então, o que pode ser feito?
A pesquisa do Audit Futures, uma organização que promove e apoia o trabalho dos auditores independentes, sugere que um diálogo mais frequente com os comitês de auditoria e um papel mais público e aberto para a liderança dos setores seriam muito bem-vindas. Mas a organização acredita que há ainda mais que precisa ser feito para se recuperar a confiança nas auditorias.
O processo de auditoria para o século 21 deveria ser entendido e desenhado primariamente como um processo de construção de confiança junto à organização de auditoria e entre todos os seus stakeholders. Se a auditoria é um meio de garantir a responsabilidade do cliente, há muito a se fazer para tornar auditoria em si um exemplo de clareza e envolvimento.
Ao invés de o relatório de auditoria ser um produto derivado da confiança, o processo de auditoria poderia se tornar uma prática que cria confiança, na qual o auditor usa sua posição como um intermediário confiável para intermediar uma rigorosa troca de informações entre todos os departamentos da organização e seus stakeholders.
Considerando tudo isso, a Audit Futures levanta que 3 coisas podem ajudar a combater essa descredibilização – e tornar o trabalho dos auditores mais reconhecido e confiável. São elas:
- Diálogo
- Colaboração
- Transparência
1) Diálogo mais frequente entre os comitês e os entes que fazem parte do trabalho de auditoria, sejam eles internos à empresa de auditoria, à empresa sendo auditada ou ao público externo. O diálogo faz com que todos se sintam parte do processo e favorece a colaboração entre diferentes estruturas e pessoas envolvidas no processo de auditoria.
2) Colaboração para formatar um processo de auditoria que vai além de uma investigação externa por um profissional habilitado, e se torna um processo colaborativo, com o papel do auditor se expandindo para incluir as expertises de um coordenador ou gestor que está disposto a compartilhar ferramentas de investigação institucionais com outros entes organizacionais.
3) Transparência para criar e favorecer um processo capaz de se tornar uma prática que cria confiança, na qual o auditor usa sua posição como um intermediário confiável para mediar uma rigorosa troca de informações entre todos os departamentos da organização e seus stakeholders. A visão de investidores, equipe, fornecedores e clientes deveria rotineiramente ser considerado no processo de auditoria, assim como questões do público geral.
De um serviço feito silenciosamente, por um núcleo duro de profissionais habilitados que não abrem muito seus processos e sua atuação no mercado, a auditoria precisa se tornar um processo integrado com o mercado, que reconhece as necessidades e as inseguranças daqueles aos quais serve.
Só assim este trabalho pode deixar de ser uma caixa preta e se tornar uma janela, recobrando confiança nas auditorias
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