Por Claudia Marchetti e Eduardo Ferreira
(um casal em quarentena)
A Europa foi o segundo epicentro da doença, desta forma, os cidadãos e os residentes (nosso caso) estão à frente nas informações e experiência, o que nos permite alertá-los:
O Coronavírus não é uma gripe qualquer. Não temos sistema imune desenvolvido para este vírus.
Com uma taxa de mortalidade do Coronavírus, variando de 0.5% a 5 % – a depender da faixa etária, do estado de saúde geral e de doenças preexistentes – e de hospitalização de 10% a 20%, a grande preocupação é a expansão desenfreada.
A Alemanha, Espanha e Portugal, cada um no seu tempo, entram na fase exponencial de positivações.
Neste momento, segundo o Professor Doutor de Matemática da Universidade de Lisboa Jorge Buescu,
“(…) a linha que resulta da aplicação dos números é arrepiante, parece tirada de um livro”, ou seja, são comuns nos livros de matemáticas e tão incomuns na realidade.
De toda observação, concluiu-se que o COVID19 tem taxa de transmissão acima de 2, isto significa que cada positivado infecta mais 2 pessoas justificando sua taxa de progressão e as mudanças de cenários em pouquíssimos dias.
Alguns casos se transformam em milhares gerando sobrecarga no atendimento dos hospitais.
Esta velocidade assusta, até mesmo, os profissionais de saúde que passam a trabalhar com medo de serem contagiados.
Portanto, a quarentena é a medida mais eficaz no combate desta pandemia, impondo uma queda nas infecções tão acentuada como foi a da propagação.
Se por um lado é eficaz, por outro a quarentena contra o Coronavírus gera uma “estrago” na economia mundial.
Passando por revisões quase semanais, a economia é alvo de uma certeza, entraremos em recessão global.
Tecnicamente precisamos de dois trimestres de PIB negativo para caracterizar o cenário recessivo.
Por isso, o PIB mundial deverá crescer da ordem de 1.6% contra 2.9% em 2019, entretanto, a cada revisão este número cai.
Os instrumentos que os Bancos Centrais de todo o mundo se utilizam, de certa forma coordenada, não tem dado efeito nos mercados.
Corremos o risco de perda de credibilidade destas instituições e um longo período recessivo com desemprego crescente e quebra generalizada de empresas.
Certamente é possível mitigar estes efeitos?
As ações em geral seguem a regra de aumento substancial de liquidez, por conta disso, compra maciça de títulos dos bancos privados inundando-os com recursos e gerando uma blindagem financeira.
Os valores impressionam. Serão disponibilizados 750 bilhões de euros do Banco Central Europeu e 700 bilhões de dólares pelo Federal Reserve Americano.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) viabilizará 1 trilhão de dólares para o mundo e 50 bilhões de dólares já estão disponíveis para economia emergente.
No Brasil, em relação ao sistema financeiro, a liberação dos compulsórios – depósitos obrigatórios em torno 20% de todo capital depositado em cada banco – acaba tendo efeito similar de aumento de liquidez.
Desta forma, evita-se a quebra sistêmica do setor financeiro que entra no ringue, preparado para o combate.
Integra esta ação, a concessão de moratórias pelos credores (bancos privados e públicos).
Por dois meses os devedores adimplentes prorrogarão o parcelamento de suas dívidas aliviando esta conta em momento oportuno.
O pacote de medidas do governo brasileiro em relação ao Coronavírus, soma 147.3 bilhões de reais e parece adequado, apesar da necessidade de pacotes adicionais.
As principais são (i) diferimentos de pagamentos de tributos – em torno de 55 bilhões – por três meses aumentando o capital de giro das empresas (ii) antecipação do décimo terceiro de funcionários públicos -23 bilhões
(iii) saques adicionais do FGTS – 21,5 bilhões (iv) antecipação do abono salarial – 12.8 bilhões (v) liberação do bolsa família para 1 milhão de pessoas que aguardam na fila de espera – 3.2 bilhões.
Portanto, foi prometido a liberação de 5 a 10 bilhões de reais para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Este desembolso total representa 2.03% do PIB brasileiro, um valor relevante em comparação com o pacote do Reino Unido de 0,6%.
Na zona do Euro os planos são distintos e respeitam a capacidade financeira de cada país.
Além da “impressão de moeda”, os funcionários de empresas privadas – principalmente as pequenas e médias – terão parte de seus salários pagos pelo Estado,
seja na forma de redução de tributos referentes a folha de salários ou, no pagamento direto, via depósito em conta corrente.
A redução de tributos em relação a energia também aparece nos pacotes divulgados.
Nos EUA, as notícias tratam da liberação de 1 bilhão de dólares, sendo metade deste valor destinado ao envio de cheques, em duas ocasiões,
nos próximos meses, a cada família americana, numa tentativa de estimular o consumo e contrariar os efeitos recessivos evidentes na economia.
Uma medida entendida por muitos como eleitoreira.
Todas estas providências estão adequadas ao baque econômico gerado pela pandemia do Coronavírus?
Primeiro de tudo, Não sabemos. Os analistas econômicos avaliam que esta é uma das maiores crises da história.
Nossa crença é que a diferença é o curto prazo desta crise (temos medicamentos e vacinas em fase acelerada de testes). Teremos que aguardar e confiar nos governos.