Ainda não é possível prever exatamente o que vai acontecer, porém, é possível se preparar para os próximos tempos. Quando o assunto é a área contábil e os negócios, isso tem um nome: análise preditiva. Vamos explicar esse conceito a quem ainda não o conhece: análise preditiva pode ser explicada como modelagem estatística, baseada em dados já existentes, para antecipar tendências e padrões.
Isso é algo particularmente importante em um país como o Brasil, onde, falando de tributação, as regras não são claras e a burocracia é gigante: são mais de 90 tributos, normas publicadas quase que diariamente e muitas horas empenhadas para resolver pendências nesse contexto. Verdade é que a população em geral, e muitos empreendedores estão nesse grupo, não sabe o quanto paga de impostos.
Vamos a alguns exemplos do dia a dia: a cerveja do final de semana tem 56% de impostos, a gasolina, 57%, e os medicamentos, item de primeira necessidade, tem em média 36%. Definitivamente, não é fácil. A tributação, principalmente sobre o consumo, beira o absurdo. E mais um ponto deve ser ressaltado: o Fisco está cada vez mais atento!
Aberto esse parêntese, voltemos ao ponto principal do nosso artigo. Como as empresas podem se posicionar diante desse contexto tão complexo? Com informação, planejamento e estratégia. É justamente aí que ressaltamos o papel do profissional contábil.
O contabilista tem os conhecimentos e competências para fazer da análise preditiva uma prática na empresa, por meio da análise de dados contábeis e financeiros passados e atuais, fontes de gastos, decisões macroeconômicas (inflação e taxa de juros, por exemplo), entre outras informações. Essa análise pode resultar em inteligência (gerenciamento de riscos), inovação (novos processos, produtos e serviços) e estratégias para nortear a tomada de decisão. Informação de qualidade é poder!
Uma boa ferramenta para implantar a análise preditiva é o Planejamento Tributário, que consiste em programar o pagamento de impostos e avaliar como diminuir, legalmente, a carga de tributos, taxas e contribuições. É um procedimento que contribui diretamente para melhoria da gestão, aumento dos lucros gerados e competitividade no mercado.
Esse é o primeiro passo. O segundo é adotar medidas de Compliance: estar em plena conformidade com a legislação e regras do segmento da empresa. Isso pode ser entendido como fator estratégico, porque aponta que a organização é madura do ponto de vista da gestão e transparente em todos os seus processos e ações. E isso começa de dentro para fora: processos de auditoria interna, controle interno e comunicação clara sobre os instrumentos normativos fortalecem o negócio e facilitam o trabalho para estar em conformidade com os processos exigidos em níveis municipal, estadual e federal.
Levar “sustos” com o Fisco não é nada agradável. E a análise preditiva auxilia as organizações a evitar esse tipo de situação. Cada vez mais atento, o estado tem recursos para cruzar dados rapidamente. Um desses recursos são as malhas fiscais, as contradições entre o que é informado pelo contribuinte e os dados que estão nos registros da Receita Federal. Se a RF seleciona uma determinada declaração, é sinal que existe alguma inconsistência. Quando isso acontece, a empresa é comunicada sobre a necessidade de corrigir informações. Se o problema é resolvido, a vida segue. Se as inconsistências continuam, o Fisco segue gerando malhas de maneira sucessiva. Sabemos que não é interessante para nenhum empreendedor que isso aconteça.
É fundamental se cercar de cuidados e ter capacidade de acompanhar as mudanças. Vale lembrar do conceito imortalizado pelo biólogo britânico Charles Darwin: não é o mais forte ou mais inteligente que sobrevive, mas, o que tem melhor capacidade de se adaptar!
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1 comentário em “Sem sustos com o Fisco: vantagens da análise preditiva nos negócios”
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