Foi-se o tempo em que os clientes iam à padaria para comprar pão francês e leite. Hoje, o segmento de panificação oferece café da manhã, almoço e até happy hour. As mudanças na sociedade afetaram o consumo, impondo a busca por inovação, estratégias de apresentação e venda de produtos.
Uma pesquisa realizada pelo Facebook no final de 2020, em parceria com a Deloitte, constatou que as refeições caseiras ganharam mais adeptos criando uma oportunidade para produtos semiprontos. A procura de receitas caseiras no Google está maior do que o pico de Natal que antes era o maior do ano. Entre esse aumento, se deu em grande parte, as buscas ligadas à cozinha, tais como alimentos para “imunidade” e pães caseiros.
Diante deste cenário de procura e para atender a essa demanda, o segmento de panificação tomou forma para a busca incessante de sua profissionalização e surgimento de novas formas de estrutura, como uso de ferramentas de controle e operação, diagnósticos, consultivo operacional em tempo real, análise e planificação de custos de produção, entre outros.
Outrossim, o conceito de padaria começa a tomar novos rumos e outras denominações, como delicatessen, padaria gourmet e padaria boutique com usuários mais exigentes, o Fisco sempre atento às operações e o empresário cada vez mais preocupado com a formação de preço de vendas, acompanhamento do processo produtivo e operação, bem como, resultados financeiros. As estratégias contábeis passaram a ser essenciais e um diferenciador de estruturas do segmento.
Uma contabilidade especializada em padarias entende as dores e necessidades do empresário desse segmento e pode cuidar de toda a parte contábil e estratégica, bem como auxiliar na tomada de decisão e na gestão do negócio.
Além disso, uma contabilidade especializada em padarias tem como diferencial o desenvolvimento de estratégias que geram prevenção contra multas e penalidades, aumento de competitividade, redução de impostos, melhoria da organização contábil, financeira e gerencial de uma padaria.
Se você é um pequeno empresário e quer inserir um novo mix de pães de fermentação natural, doces refinados ou até mesmo na utilização de matérias-primas de qualidade, equipamentos e métodos modernos, a contabilidade pode ser a chave para essa mudança.
Vale lembrar que o segmento de panificação é um dos poucos que se mantém estável no País, com característica bem familiar e de manutenção de empregos diretos e indiretos na estrutura total da cadeia de produção. Como em sua expressiva maioria são micro e pequenas empresas, há muito não se via necessidade em um controle gerencial efetivo e estrutural, que, ao ser exposto aos períodos de pandemia que assola o mundo, os mesmos precisaram se reinventar e evidenciar mecanismos estratégicos para manterem a sobrevida, ainda que seja um setor que pouco parou ao longo desses anos.
Competitividade e alta concorrência marcam esse setor, onde a saída, seria o uso gerencial e especialista de ferramentas de gestão, controle e operação. A contabilidade se mostra evidente a esse processo, visto que o estudo e controle do patrimônio, formação de preços, técnicas de controladoria e processos produtivos, evidenciaram um setor cada vez mais exigente à sobriedade dos números e como eles poderiam ser determinantes para geração do seu negócio.
No que diz respeito ao aspecto tributário, existem os segmentos de fabricação de produtos de padaria e confeitaria com predominância de produção própria, que podem se configurar ao Anexo I do Simples Nacional, podendo chegar até 19% de alíquota nominal na última faixa de faturamento, no Presumido, considerando atividade industrial, no qual aplica-se o percentual de 8% quando se tratar de Industrialização de produtos NT na TIPI.
Neste caso, para um estabelecimento se caracterizar como industrial, contribuinte do IPI, não basta que o estabelecimento execute quaisquer das modalidades de industrialização previstas no regulamento do imposto, mas, é indispensável, que delas resulte produto tributado pelo IPI, ainda que de alíquota zero ou isento. Sendo assim, o estabelecimento que executa qualquer das operações conceituadas como de industrialização pelo artigo 5º do Ripi/2010 e de que resulte produto não-tributado (com notação “NT” na Tipi), não se caracteriza como estabelecimento industrial, contribuinte do IPI, na operação realizada. (Parágrafo único do artigo 2º do Ripi/2010)
Há ainda a incidência de 3,65% de PIS/COFINS, IRPJ de 15% sobre a alíquota de presunção de 8% e CSLL de 9% sobre 12% da alíquota de presunção. Para o Lucro Real, há possibilidade de tributação trimestral com CSLL de 9% e IRPJ de 15% e 9,25% de PIS/COFINS além da incidência de 20% de INSS sobre a folha de pagamento.
A atividade desse segmento, poderá ainda incutir em padarias para revenda, que se vincula ao mesmo Anexo I do segmento anterior, a mesma tributação de PIS e COFINS, IR e CSLL para Lucro presumido e lucro real da atividade de fabricação. No entanto, a aplicabilidade de estratégias e desenvolvimentos pode-se dá no que diz respeito ao uso e atribuições de créditos presumidos aos insumos incidentes sobre a produção de produtos da padaria, tais como leite in natura e trigo, que possuem suspensão de PIS e COFINS e possibilidade de substituição tributária de ICMS a depender de seu NCM.
De certo é que, o segmento é um exponencial vetor de negócio e mais ainda, um potencial mercado a ser explorado para geração de emprego, crescimento, verticalização da produção, planejamento tributário, análise de composição de preço, estratégias de mercado com índices geradores de precificação que são de vitais importância para geração competitiva de valor e mais ainda, um propulsor de medidas operacionais e de suporte ao cliente, com o uso, cada vez mais necessário, de técnicas de gestão e suporte.
Artigo escrito por:
Ademir de Souza Pereira Junior – Pós Doutor em Finanças, Contador e Professor.
Adailton Amâncio -Empresário, proprietário do escritório de contabilidade Contador de Padaria.
1 comentário em “A contabilidade e seu papel estratégico para o desenvolvimento de negócios no setor de panificação”
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