Se você é pessoa física ou jurídica e quer ter a segurança de que seus cálculos fiscais estão corretos e que não está pagando mais impostos do que o devido, então precisa conhecer o Carf.
O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) é um grande aliado na busca por segurança jurídica em questões tributárias.
Imagine a seguinte situação: sua empresa recebeu uma cobrança de imposto que você acha injusta. Para contestá-la, você pode recorrer ao Carf. Este Conselho atua como um juiz, onde analisa o caso e decide se você tem razão ou não. Mas, para ter sucesso nessa jornada, é fundamental contar com a ajuda de profissionais especializados, como advogados e contadores.
Agora, se você não tiver um CNPJ, sem problemas, também poderá recorrer ao Carf sendo contribuinte como pessoa física. Quando discordar de uma cobrança da Receita Federal do Brasil (RFB), conseguirá recorrer ao Carf para que um colegiado de especialistas analise o caso e emita um parecer.
Todos que possuem renda ou realizam atividades que geram obrigações tributárias devem se preocupar com a cobrança de impostos.
Qual é a função do Carf
Criado em 2009, o Carf é a segunda instância administrativa para a resolução de disputas tributárias. Isso significa que, após a primeira análise do cálculo dos impostos realizada pela Receita Federal – caso você não concorde com o resultado de uma fiscalização ou autuação na aplicação de alíquotas, interpretação de legislações tributárias ou em apurações dos impostos – poderá recorrer ao Carf para que seus argumentos sejam reavaliados por um órgão colegiado e imparcial.
Este órgão, então, reexamina o caso e pode confirmar, modificar ou cancelar a decisão da RFB.
E qual a sua vantagem diante disso? Mais segurança e confiança.
Você garante a justiça ao apresentar novos argumentos e evidências para defender seus direitos, contribuindo para a construção de um sistema tributário mais justo para todos.
Quando ocorrem as inspeções da Receita Federal?
A Receita Federal do Brasil realiza análises mais completas em momentos específicos, como na declaração do Imposto de Renda (IR) e durante fiscalizações imprevistas.
As inspeções da Receita são realizadas de forma aleatória, mas geralmente acontecem quando há indícios de inconsistência nas declarações apresentadas pelo contribuinte, como por exemplo um gasto muito alto em comparação com a sua renda atual declarada.
Outra situação comum de inspeção pela RFB ocorre quando o contribuinte é notificado com a solicitação de informações adicionais sobre alguma declaração. É importante ressaltar que a Receita Federal tem acesso a uma enorme quantidade de dados, tornando provável a identificação de qualquer divergência. Portanto, é fundamental manter seus registros contábeis atualizados e completos, além de declarar todas as informações corretamente.
Quem são os membros do Carf e como funcionam as votações
O Carf é um órgão paritário e colegiado no âmbito tributário, formado por representantes do governo (Estado) e da sociedade civil (empresas, contadores ou outros).
O objetivo de um órgão colegiado é garantir mais justiça e transparência nas decisões, evitando que uma única pessoa tenha poder excessivo. Por isso, essa diversidade garante que diferentes perspectivas sejam consideradas nas decisões.
As decisões no Carf não são tomadas por uma única pessoa, mas sim por um grupo. Isso significa que cada membro tem direito a voz e voto, e as decisões são tomadas por consenso ou por maioria.
Novo RICarf
RICarf é a sigla para Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que estabelece um conjunto de regras sobre o funcionamento do Carf.
Sabemos que o COVID-19 deixou muitos rastros negativos, e neste caso não seria diferente. A combinação da pandemia, o movimento grevista dos auditores fiscais da Receita Federal e diversos outros fatores levou a um aumento significativo no número de processos tributários pendentes no Brasil, que chegou a representar cerca de 10% do PIB.
No entanto, segundo os dados abertos do Carf, consolidados em 25 de abril de 2024 (confira aqui), ações implementadas a partir de janeiro 2023 permitiram reduzir esse número em aproximadamente sete mil processos em apenas 12 meses, demonstrando a importância de medidas eficazes para enfrentar essa questão.
Diante desse cenário, para melhorar e reduzir esse número ao máximo, foi editado o Novo Regimento Interno (Novo RICarf), aprovado pela Portaria MF nº 1.634, de 21 de dezembro de 2023, que trouxe algumas mudanças importantes para agilizar e tornar os processos do Carf mais transparentes. Confira as principais mudanças a seguir:
- Aumentou o número de julgadores por turma, o que significa que mais processos poderão ser julgados ao mesmo tempo.
- Agora é possível realizar sessões de julgamento de forma virtual, já que, a partir de diversos fatores como a pandemia do COVID-19, além da rápida evolução da tecnologia, tornou-se necessário que os julgadores pudessem analisar os processos e emitam seus votos em horários diferentes.
- Surge o Plenário Virtual, para que os julgadores possam acessar os processos, acompanhar a tramitação e emitir seus votos.
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O novo RICarf adapta o Carf às novas tecnologias e às demandas atuais da sociedade. Ao aumentar o número de julgadores e implementar sessões virtuais, o órgão espera reduzir o tempo de espera dos contribuintes por uma decisão.
Por que um CONTADOR precisa conhecer o Carf?
Se você é contador ou trabalha na área tributária, provavelmente já percebeu que este campo está em constante mudança e é considerado complexo por muitos. Por isso, profissionais de contabilidade que se especializam neste meio tendem a serem destaque diante do mercado.
Conhecer o Carf ou outros aspectos deste ramo não é apenas uma questão técnica, mas uma vantagem estratégica que pode ajudar tanto o contador quanto seus clientes em disputas tributárias. Veja só:
O contador tem um papel fundamental na defesa dos interesses dos seus clientes no âmbito do Conselho. Ao conhecer as normas e procedimentos do órgão, o profissional pode atuar de forma eficaz e garantir que seus clientes não paguem mais impostos do que deveriam.
Em um cenário onde a Receita Federal realiza fiscalizações e autuações, o contador pode atuar como uma peça-chave para seus clientes. Muitas vezes, o empresário ou a pessoa física não tem total domínio sobre as obrigações fiscais, e é aqui que o contador entra.
Este profissional precisa estar preparado para identificar erros em autuações ou fiscalizações e, se for o caso, sugerir o recurso ao Carf.
Por que um ADVOGADO precisa conhecer o CARF?
Você é advogado e quer entender como proteger o patrimônio do seu cliente? Então continue a leitura que iremos lhe ajudar.
Diante da complexidade da legislação tributária e do funcionamento deste órgão, é fundamental que advogados busquem especialização nessa área, para de fato defender os interesses dos seus clientes em questões tributárias.
Assim como o Contador, o advogado tem um papel fundamental na defesa dos interesses dos seus clientes e deve conhecer as normas e procedimentos do conselho. Seu maior foco será em garantir que seus clientes não paguem mais impostos do que o devido.
Para atuar no CARF com sucesso, assim como o contador, o advogado precisa ter algumas ferramentas em mãos:
Conhecimento profundo da legislação tributária | É fundamental estar sempre atualizado sobre as leis e normas que regem a tributação. |
Domínio das normas do CARF | Conhecer o funcionamento do conselho é fundamental para saber como recorrer de uma decisão e defender os direitos do cliente. |
Capacidade de argumentação | A habilidade de construir uma argumentação sólida e persuasiva é fundamental para que o contador convença os membros do conselho. |
Ainda para o advogado, é essencial ter experiência em processos administrativos para acompanhar o andamento do processo no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e garantir que os prazos sejam cumpridos.
Em quais situações estes dois profissionais devem agir para defender os interesses do cliente?
Existem diversas situações em que tanto o contador como o advogado devem atuar para defender os interesses do cliente perante o Carf. Algumas das mais comuns são:
- Autuações fiscais: quando o cliente recebe uma autuação fiscal, o profissional deve analisar a documentação e verificar se a cobrança é procedente. Se houver algum erro, é hora de entrar com um recurso no Carf.
- Dúvidas sobre a interpretação da legislação: quando o cliente tem dúvidas sobre como interpretar alguma norma tributária, o profissional pode auxiliar na busca pela melhor interpretação e na elaboração de uma defesa.
- Discussão sobre o valor de um tributo: se o cliente discorda do valor de um tributo, o profissional pode apresentar os cálculos e argumentos necessários para demonstrar que o valor cobrado é indevido.
Como as decisões do CARF podem afetar as empresas?
O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais tem um impacto direto nos negócios, podendo afetar a saúde financeira das empresas de diversas maneiras.
Quando há uma decisão desfavorável, tende a gerar grandes prejuízos, enquanto uma decisão favorável — quando o Conselho concorda com os argumentos da empresa e entende que ela não deva pagar aquele imposto, pode resultar em uma economia significativa.
Quando o contribuinte é favorecido na disputa sobre impostos, prova seu ponto de vista diante da cobrança indevida do imposto. Essa vantagem não é somente financeira, mas também jurídica, já que uma decisão favorável pode trazer mais segurança para a empresa, reduzindo o risco de futuras disputas e fortalecendo a sua posição em relação à Receita Federal.
Diante deste cenário, é fundamental que as empresas estejam preparadas para lidar com as questões tributárias e saibam como se defender em caso de autuações fiscais. E é aí que os profissionais da área Contábil ou do Direito podem ajudar.
Algumas das principais consequências das decisões do Carf são:
Aumento da carga tributária: se a empresa perder um processo no Carf, pode ser obrigada a pagar mais impostos;
Dificuldades financeiras: uma decisão desfavorável pode gerar uma dívida com o fisco, o que pode levar a dificuldades financeiras e até mesmo à falência.
Imagem da empresa pode ser prejudicada: uma empresa que está constantemente envolvida em disputas fiscais pode ter sua imagem prejudicada.
A experiência de advogados e contadores especializados em direito tributário é fundamental para as empresas, já que auxiliam na identificação de riscos tributários, na elaboração de defesas sólidas em processos administrativos e também no planejamento tributário. Buscam pela otimização da carga tributária e a prevenção de futuras autuações.
Com uma gestão tributária eficiente, as empresas podem reduzir custos, aumentar a competitividade e garantir maior segurança jurídica.
Conclusão
Conhecer e estudar o CARF é uma obrigação para qualquer profissional da contabilidade ou do direito tributário que deseja atuar de maneira completa e estratégica. O domínio desse conhecimento permite que o profissional ofereça soluções mais robustas, proteja o cliente contra cobranças indevidas e promova uma gestão fiscal mais eficiente e segura.
Essa abordagem dá ao profissional o papel não apenas de executor, mas de verdadeiro parceiro estratégico do negócio.
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