Quem é que nunca usou a frase “isso é muito arriscado!”, como referência a uma situação de perigo ou ameaça?
Mas será que risco é algo sempre ruim?
Antes de mais nada, convém elucidarmos que um risco, na verdade, é uma hipótese. Algo que não aconteceu e, caso aconteça, deixa de ser um risco e se transforma em um fato, ou seja, algo real e já realizado.
Sendo em algo ainda não ocorrido, o risco pode ser prevenido e mitigado a fim de não se concretizar e se converter em um fato que traga prejuízos e consequências indesejadas, sendo essas de ordem financeira ou até reputacional.
Como sabemos, todas as empresas buscam segurança, ou seja, eliminar ao máximo situações de risco exatamente para não incorrerem em estragos de qualquer natureza em sua organização.
E para isso não se pode, de maneira nenhuma, ignorar um risco. Por mais remoto que ele seja, é vital sua identificação e calibração, e com isso dar ao empresário/gestor, através de um diagnóstico do grau de ameaça que o risco promove, capacidade de adicionar diretrizes de contenção dessas possíveis ameaças.
Como próximo passo, é a ação frente aos riscos já devidamente identificados, elegendo alternativas como: aceitar, eliminar, mitigar e transferir.
É bem verdade que soa estranho pensarmos em ACEITAR o risco. Dá uma impressão de desleixo, descaso, de não dar importância a algo que pode ser prejudicial para a empresa. Mas de forma racional, há que se pensar que caso a consequência do risco seja menor do que o custo de mitigá-lo é conveniente – sim – aceitá-lo.
Pense na seguinte situação: Em uma praça de alimentação de shoppings center, nem sempre nos sentamos em mesas próximas ao local do pedido de refeição. E quanto mais distante for, maior a chance de que os talheres personalizados deste estabelecimento possam ser furtados. Assim, pergunto: alguém já pensou que os talheres pudessem ter sensores? A resposta, com certeza, é não! O custo seria muito elevado diante a reposição dos talheres que pudessem ser furtados. Portanto, neste caso, ACEITAR o risco de furto, é menos oneroso para o estabelecimento.
Na prática, a maioria das empresas que gerenciam seus riscos partem para a MITIGAÇÃO. Ou seja, buscar “remédios” para que os riscos não se materializem. Esses ditos remédios podem ser melhoria nos controles internos, capacitação de uma equipe ou até elaboração de Políticas ou Códigos de Ética e Conduta.
O mais importante a dizer, neste momento, é que quaisquer que sejam as alternativas, elas não necessariamente precisam ser de grandes investimentos e/ou complexas. Na maioria das vezes, pequenos ajustes contribuem significativamente para mitigação de riscos.
Vale dizer que mapear e agir em cima de 100% dos riscos não é uma tarefa fácil, mas começar um trabalho de identificação de riscos é algo que traz muito mais segurança às empresas. E o que se busca aqui, caro o leitor, é incutir elementos para que as empresas não sejam surpreendidas por situações inesperadas.
No Compliance, encontramos uma FERRAMENTA muito bem difundida e eficaz: Matriz de Risco. Nela, concentramos um mapeamento completo dos riscos, desde áreas identificadas, passando pela mensuração da probabilidade e impacto, identificando as consequências caso não tratados e, principalmente, as medidas que podem ser tomadas para mitigar o risco.
Terminamos este artigo reafirmando nosso posicionamento sobre algo muito lendário dentro de um Programa de Compliance: investimentos no programa não precisam ser dispendiosos, simples ajustes garantem o sucesso da implantação.
Artigo escrito por: Luiz Nóbrega e Juliana Fileti
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1 comentário em “Será que risco é sempre algo ruim?”
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